25/06/2021

Por Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial: “Comemoramos, nesta semana, o aniversário de nascimento de um dos mais insignes brasileiros, o Machado de Assis [na foto acima jovem e sem barba], considerado um dos maiores escritores do país e, segundo Harold Bloom, o maior autor negro de todos os tempos.

Mas, embora possamos nos referir a uma África brasileira, como faz Laurentino Gomes em seu segundo volume da obra Escravidão, e Machado nela seria personagem de destaque, há no mundo, no entanto, outros grandes escritores africanos, ou descendentes de africanos, que também merecem estar numa lista de melhores livros produzidos pela humanidade.

A pandemia trouxe-me a oportunidade de ler também alguns livros que não conhecia ainda, de afro-americanos, como a Toni Morrison, com seu belíssimo “Amada”, uma das obras a lhe assegurar o Prêmio Nobel de Literatura, ou a obra da poeta Maya Angelou, “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola”.

Mas aproveitei para ler também obras de escritores brasileiros de ascendência africana, como a Conceição Evaristo com seu “Becos da Memória” e o Itamar Vieira que, em “Torto Arado”, escreve sobre duas irmãs que, em meio a tradições como o jerê, vivem em condições de trabalho escravo em uma fazenda na Chapada Diamantina.

O destaque que dou nesta coluna para a literatura de matriz africana é por conta de uma certa biblioteca de uma instituição que deveria celebrar a riqueza e diversidade da produção cultural negra, mas preferiu expurgar primeiro retratos e depois livros. Um deles, um clássico de Machado de Assis”.

Folha de São Paulo; 25/06
https://bit.ly/3qpL5AY