05/12/2022

Valor, 05/12
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Novo ranking inclui 11 obras dirigidas por mulheres, 7 por negros, 4 documentários e 2 desenhos animados entre os 100 favoritos. Por Amir Labaki

A elevação ao topo do cânone dos dez maiores filmes da história de duas obras dirigidas por mulheres, “Jeanne Dielman” (1975), da belga Chantal Akerman (1950-2015), nada menos que no primeiro posto, e “Bom Trabalho” (1998), da francesa Claire Denis, no oitavo, é o maior símbolo do avanço quanto à diversidade da lista revelada no último dia 1 pelo site da revista britânica “Sight and Sound”, editada pelo British Film Institute (BFI). Há outros.

Onze dos cem favoritos são assinados por diretoras, frente a dois no levantamento anterior de 2012. Apenas um título realizado por um cineasta negro emplacara uma vaga na lista passada, sendo sete agora. Não havia nenhum filme de animação; a nova lista apresenta dois, ambos dirigidos pelo japonês Hayao Miyazaki. Apenas quatro documentários apareciam na relação da década passada; são agora sete, com “Um Homem com uma Câmera” (1929), de Dziga Viértov (1896-1954), mantendo-se entre os dez mais, embora caindo da oitava para a nona posição.

Esse “aggiornamento” é consequência da maior diversidade e da quase duplicação do número de votantes, para cerca de 1.600 profissionais de cinema. Um segundo fator foi destacado pelo editor da revista, Mike Williams, em entrevista ao “New York Times”: “O streaming e a comunicação digital criaram oportunidades para amplificar vozes e filmes que antes eram menos vistos”.

A lista dos “dez mais” da votação geral apresenta o citado “Jeanne Dielman”; “Um Corpo que Cai” (1958), de Alfred Hitchcock; “Cidadão Kane” (1941), de Orson Welles; “Era Uma Vez em Tóquio” (1953), de Yasujiro Ozu; “Amor à Flor da Pele” (2000), de Wong Kar-wai; “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968), de Stanley Kubrick; o já referido “Bom Trabalho”; “Cidade dos Sonhos” (2001), de David Lynch; o também citado “Um Homem com uma Câmera”; e “Cantando na Chuva” (1951), de Stanley Donen e Gene Kelly.

Revelada também de forma independente apenas desde 1992, a relação dos dez favoritos dos cineastas é mais uma vez algo distinta da lista geral, além de exibir um empate tríplice em 10 lugar. Pela primeira vez, o título mais votado é “2001”, seguido por “Kane”, “O Poderoso Chefão” (1972), de Francis Ford Coppola; “Tóquio”; “Jeanne Dielman”; “Um Corpo que Cai”; “8 e 1/2″; “O Espelho” (1975), de Andrei Tarkovski; e empatados “Quando Duas Mulheres Pecam” (1966), de Ingmar Bergman, “Amor à Flor da Pele” e “Close-Up” (1989), de Abbas Kiarostami. Saíram “Taxi Driver” (1976), de Martin Scorsese, “Apocalypse Now” (1979), de Francis Ford Coppola, e “Ladrões de Bicicletas” (1948), de Vittorio De Sica, o clássico neorrealista que liderou em 1952 o primeiro levantamento da “Sight and Sound”.