06/02/2023
Folha de S. Paulo 03/02
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Para animar a volta às aulas, a coluna ‘ Maratonar’, da Folha, separou alguns filmes e séries recentes que se passam em escolas —não só nas salas de aula, mas também nos corredores, nas quadras, nos refeitórios e nas salas de professores.

FILMES

“Matilda: O Musical” – Lançado pela Netflix no último Natal, este pavê de adaptações (é uma adaptação do musical inglês, que por sua vez é adaptação do livro de Roald Dahl, que já fora adaptado em 1996por Danny DeVito em um clássico da “Sessão da Tarde”) impressiona com um elenco talentoso de crianças que cantam e dançam com fúria. O filme mantém o espírito grotesco e caricato do livro, mas peca ao colocar Emma Thompson em uma fantasia estofada como a vilã Miss Trunchbull —um erro para uma atriz que fala tanto em “body positivity”. Lashana Lynch, vista por último em “A Mulher Rei” como uma guerreira inquebrável, encanta com a delicadeza de sua Miss Honey.
Disponível na Netflix (117 min.) 10 anos

“Oitava Série” – Se viver a adolescência já traz desafios, estar nessa fase da vida na era das redes sociais só complica mais as coisas. Nesta pequena comédia dramática estrelada por Elsie Fisher (“Barry”), Kayla acaba de entrar na oitava série (o nosso nono ano do ensino fundamental). Em casa, longe dos colegas, ela discorre sobre confiança e autoestima em seu canal do YouTube. Na escola, em meio a outros adolescentes, porém, mostra que na prática a teoria é outra. Mais filmes vêm abordando a relação que temos com as redes sociais (tema para outra edição desta newsletter, talvez?), mas este é o primeiro que vi fazer isso com tanta precisão —e pudera: o diretor e roteirista é Bo Burnham, comediante que fez parte de uma primeira leva a ganhar notoriedade no YouTube.
Disponível para alugar em Claro Vídeo, Amazon, Microsoft Store e AppleTV (93 min.). 16 anos

“Druk: Mais Uma Rodada” – Ganhador do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2021, “Druk” conta a história de quatro professores infelizes de diferentes maneiras que procuram no consumo (mais ou menos) controlado de álcool uma solução para os seus problemas. Ainda que o desfecho da história seja razoavelmente previsível, a execução, sob a batuta do dinamarquês Thomas Vinterberg, é admirável. Mads Mikkelsen revela, por trás de seus olhos de tubarão, a frustração de um homem que, guiado por inércia, acabou onde não queria.
Disponível em Globoplay e Now, e para aluguel em Google Play e Amazon (117 min.) 16 anos

“Moxie – Quando as Garotas Vão À Luta” – Um filme sobre uma microrrebelião adolescente, que muito ladra, mas pouco morde. Fofinho no espírito “Sessão da Tarde” mas para a geração Z, este longa —o segundo dirigido por Amy Poehler—, acompanha Vivian (Hadley Robinson) em sua descoberta de que o mundo é injusto e continuará sendo injusto enquanto ninguém fizer nada para mudar isso. Inspirada pela chegada ao colégio de uma nova aluna, Lucy (Alicia Pascual-Peña), e pelas músicas do movimento Riot Grrrl que sua mãe (Poehler) ouvia na juventude, Vivian resolve, pela primeira vez, tomar uma atitude. O filme em si é pouco revolucionário, mas é difícil discordar da mensagem.
Disponível na Netflix (111 min.) 12 anos

SÉRIES

“Biologia Avançada (A.P. Bio)” – Jack Griffin (Glenn Howerton) é um professor de filosofia em Harvard que cai em desgraça e vai parar de volta em sua cidade natal, Toledo, em Ohio, onde é convidado a dar aula de biologia para o ensino médio. O emprego, no entanto, é apenas um passatempo enquanto Jack prepara sua vingança contra seu inimigo, outro professor de filosofia mais bem-sucedido, Miles (Tom Bennett). Para executar (e criar) seus planos, Jack usa os próprios alunos, uma turma de puxa-sacos preocupada em entrar na faculdade. Ácida e um pouco cruel, a série diverte mais quando se descola da realidade —como quando celebra o “Dia da Katie Holmes” (aquela de “Dawson’s Creek”). Tem quatro temporadas, mas apenas as três primeiras chegaram ao Brasil.
Disponível no Prime Video. Três temporadas, 34 episódios. 14 anos

Abbott Elementary” – Vencedora de merecidos Emmys e outros troféus, a série criada por Quinta Brunson retrata o dia a dia de professores de uma escola pública na Filadélfia com o estilo de falso documentário de “Parks & Recreation”. Também empresta dessa outra série o carinho pelas idiossincrasias de seus personagens, da amalucada Ava (Janelle James), diretora da escola, ao neurótico Gregory (Tyler James Williams), o novo professor substituto e potencial interesse romântico de Janine (Brunson), a jovem professora cujo idealismo ainda não foi desgastado pelas dificuldades da vida real. A segunda temporada, no ar nos EUA, ainda não chegou ao Brasil. Já foi renovada para uma terceira.
Disponível na Star+. Uma temporada, 13 episódios. 12 anos

“Sex Education”/”Big Mouth” – Vou juntar as duas aqui porque uma é quase a versão animada da outra. Ambas tratam da efervescência hormonal da adolescência, que explode no contato pelos corredores e salas de aula, tornando a escola o cenário ideal para o surgimento de amores e crises. Em “Sex Education”, Otis (Asa Butterfield), filho de uma terapeuta sexual (Gillian Anderson), distribui conselhos aos colegas enquanto tenta administrar seus próprios “crushes”. Já “Big Mouth”, animação inspirada na pré-adolescência de Nick Kroll e Andrew Goldberg, ilustra com imaginação os primeiros choques da aproximação da vida adulta (e das características sexuais secundárias). Em comum, as duas séries tratam desses desejos e receios dos personagens com empatia e sem julgamentos.
As duas séries estão na Netflix. “Sex Education”: três temporadas, 24 episódios. 16 anos. “Big Mouth”: seis temporadas, 61 episódios. 16 anos

“Vândalo Americano” – Paródia de documentários de “true crime” em que os investigadores são alunos de ensino médio, e o crime, quem desenhou pênis nos carros dos professores no estacionamento da escola. A segunda temporada é um pouco menos divertida (e o crime é mais escatológico), mas ambas são perfeitas no tom e na execução.
Disponível na Netflix. Duas temporadas, 16 episódios. 16 anos