17/04/2023

Rede Brasil Atual  16/04
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Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o professor Renato Janine Ribeiro reflete sobre as possibilidades, as interrogações e o futuro da inteligência artificial

Para o professor, as tecnologias recentes de IA, apesar de surpreendentes, “não parecem tão inteligentes assim”. Apesar da rápida evolução, é fato que os problemas são muitos. Como resumiria o célebre linguista norte-americano Noam Chomsky, estes chatbots, até então, não passam de “plagiadores de alta tecnologia”.

Ribeiro é signatário da posição de Chomsky. E vai além. “Treinadas por humanos, essas tecnologias que empregam a IA estão carregadas de vieses preconceituosos, racistas, classicistas. Também não são capazes de ir muito além na criação artística. Um texto produzido pelo ChatGPT ainda está muito longe da maturidade e excelência de um escritor humano, pois mostra muito mais embromação do que criação. Porém, este é apenas o começo de uma caminhada que não temos ideia de quão longe pode ir – e nem em que velocidade”.

Educação e trabalho – São justamente as interrogações, aliadas com a consciência de que a evolução pode ser veloz, que leva à necessidade de regulamentação da IA. “Países da União Europeia já estão debatendo a adoção de regulamentações para garantir a privacidade e proteção dos dados pessoais dos usuários. Na Itália, o ChatGPT foi suspenso. No Brasil, o debate também começa a tomar corpo e chamar a atenção para necessidade de uma legislação que permita que o país faça parte dessa nova corrida tecnológica, mas também que estabeleça os limites éticos para seu desenvolvimento e implementação”, explica o professor.

Contudo, existem impactos já sensíveis na vida das pessoas. Um dos problemas está no uso dessas ferramentas em escolas. “O ChatGPT e seus análogos colocam questões sérias para a educação. Primeira, como saber se o trabalho de um aluno foi redigido por ele mesmo ou pelo GPT? Mas esta questão é ainda pequena perto da segunda: se um instrumento pode escrever rapidamente e bem sobre praticamente qualquer assunto, para que formaremos nossos estudantes? Aparentemente, o GPT já dá conta do que seria um trabalho de graduação, mas não necessariamente de um TCC. Porém, pode ser questão de tempo ele redigir um mestrado.”