29/09/2022

Estadão,  28/09
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Às vésperas das eleições, conheça livros infantis e juvenis para iniciar uma conversa sobre política em casa ou na escola

O Prefeito Perfeito – No livro de Lia Neiva ilustrado por Elisabeth Teixeira, os moradores da mata da Lagoa Rasa estão passando por dificuldades. Por causa das estradas esburacadas, a centopeia machucou seus pés. Por que a iluminação está muito ruim, a galinha quase entrou na toca da raposa. Como os peixinhos podem viver bem se a água está poluída? Insatisfeitos, eles concordam que precisam escolher alguém para tomar conta de tudo e ajudar na solução de seus problemas. E então todos queriam ser eleitos. Houve um grande debate, e uma grande confusão. O Prefeito Perfeito foi publicado em 2021 pela Nova Fronteira (32 págs.; R$ 49,90).

Eleição dos Bichos – A bicharada da floresta estava cansada dos mandos, desmandos e abusos do leão, que tinha até desviado a água do rio para construir uma piscina em sua toca. Eles então decidem fazer uma eleição para escolher o novo líder. Antes de tudo, porém, vão precisar aprender o que significa e como funciona uma eleição. Na disputa estão a Macaca, a Preguiça, a Cobra e o próprio Leão. Essa é história de Eleição dos Bichos, obra de André Rodrigues, Larissa Ribeiro, Paula Desgualdo e Pedro Markun lançada pela Companhia das Letrinhas em 2018. Os autores têm outra obra sobre o tema – Quem Manda Aqui: Um Livro Sobre Política Para Crianças (Companhia das Letrinhas, 2015). (48 págs.; R$ 47,90)

O Reizinho Mandão –  Clássico de Ruth Rocha lido por muitas gerações de crianças, que aborda temas como democracia, poder e liberdade de expressão, O Reizinho Mandão conta a história de um menino mimado e mal-educado que, após a morte de seu pai, assume o trono e começa a criar leis absurdas e autoritárias. De tanto ouvi-lo mandar as pessoas calarem a boca, elas se calam – e esquecem como falar. Chateado por falar sozinho, ele foi atrás de um sábio e ouviu que ele precisava bater em todas as casas do reino até encontrar uma criança que ainda se lembrasse como se fala. Depois desse livro, publicado originalmente em 1978 e cuja edição atual, da Salamandra, traz ilustrações de Walter Ono, a autora criou outros dois livros sobre reis: Sapo Vira Rei Vira Sapo e O Rei Que Não Sabia de Nada. (40 págs.; R$ 48)

O que é preciso pra ser rei? – Obra de Leo Cunha e Tino Freitas com ilustrações de Fê responde, em verso, com seriedade e também graça, à pergunta do título: O que é preciso pra ser rei? “É ter orelhas de elefante / Para escutar o semelhante / E entender o desigual”. E segue. Publicado pela Pequena Zahar neste ano, o livro passa por questões sempre atuais – e que ganharam força desde a pandemia. “O que é preciso pra ser rei? / Mesmo com tanta experiência, / É aprender que a ciência / Também ajuda a governar”. Ou então: “É entender que uma piada, / Se dita numa hora errada, / Tem força pra fazer chorar. Para ser rei, enfim, também é preciso sonhar, e brincar. (40 págs.; R$ 54,90)

Lá Fora – Lançamento de André Neves pela Companhia das Letrinhas, Lá Fora mostra um reino sem cor, habitado por camaleões igualmente sem cor. Eles eram regidos por um imperador que ordenava que seus súditos ignorassem o mundo lá fora. Mas um deles se distrai. Percebe algo estranho lá fora. Era um camaleão também, só que diferente. Ele questiona o outro, e ouve: “Ninguém é exatamente igual quando possui desejos”. E então algo bonito começava a acontecer – e isso nos leva de volta à frase que inicia essa história sobre autoritarismo, democracia e liberdade: “As cores guardam segredo de um tempo antes do agora”. (64 págs.; R$ 59,90)

Juntos e Misturados: Uma História de Galinhas – Essa é uma história de galinhas, mas não só. É também uma história sobre democracia, organização popular, eleição e luta pelo voto feminino. O livro de Laurent Cardon, lançado pelo WMF Martins Fontes em 2020, começa narrando uma “catástrofe”: Marcel, o galo branco, tinha sumido. Logo, o galinheiro está em polvorosa. Ninguém sabe se a culpada foi a raposa ou a doninha. As galinhas brancas, pretas e ruivas se unem para contra-atacar, mas elas precisam aprender a se organizar. (46 págs.; R$ 59,90)

O protesto – “Tudo começou quando um pássaro deixou de cantar. E todos os outros pássaros… deixaram de cantar”, lemos em O Protesto, livro da portuguesa Eduarda Ilha, lançado em 2021 pela Pequena Zahar. A obra, para crianças pequenas, chama a atenção para a questão ambiental – mas, mais do que isso, reafirma o poder da união para combater qualquer que seja o problema ou a injustiça. (48 págs.; R$ 44,90)

A democracia pode ser assim – Este é o primeiro livro da coleção Livros Para o Amanhã, criada pela editora catalã La Gaya Ciencia após a morte do general Franco e pensada para crianças entre 8 e 10 anos. Escrito por uma equipe multidisciplinar e com ilustrações renovadas, A Democracia Pode Ser Assim apresenta o conceito de democracia a partir de imagens próximas do cotidiano das crianças, como por exemplo e hora do recreio e o jogo. Trata-se de uma primeira abordagem acerca do tema, e o livro abordada, ainda, questões como o papel dos partidos políticos e a importância do voto, dos direitos humanos e da informação para a manutenção das liberdades. O livro traz, no final, dois textos informativos e um roteiro com questões para reflexão. Nesta coleção, editada no Brasil pelo selo Boitatá a partir de 2015, estão também títulos como A Ditadura é Assim, As Mulheres e os Homens e O Que São Classes Sociais. (52 págs.; R$ 48)

Se os tubarões fossem homens – Também para crianças maiores, um texto de Bertolt Brecht (1898-1956) recheado de ironia sobre poder e classe social. Tudo começa com a pergunta de uma criança: “Se os tubarões fossem homens, será que eles seriam mais gentis com os peixinhos?”. A resposta do senhor K. é o livro que lemos – cuja edição, publicada pela Olho de Vidro em 2018, com tradução de Christine Röhrig, tem belíssimas ilustrações de Nelson Cruz. (48 págs.; R$ 55)

Dicionário Fácil de Coisas Difíceis – Os cientistas políticos Débora Thomé e Lucio Rennó estão lançando, pela Jandaíra, Dicionário Fácil das Coisas Difíceis. Por meio da história de dois amigos, que passam as férias juntos no sítio do avô de um deles, argentino que vive no Brasil, os autores explicam conceitos como democracia e ditadura numa obra ao mesmo tempo informativa e ficcional. (112 págs.; R$ 62,90)