O Talibã disse neste domingo (29) que autorizará a presença de mulheres nas universidades, mas separadas dos homens. O grupo fundamentalista islâmico, que voltou ao poder no Afeganistão após 20 anos, prometeu não proibir meninas e mulheres de frequentarem escolas, como fez no regime anterior.“O povo do Afeganistão continuará tendo ensino superior de acordo com as regras da sharia [lei islâmica], que proíbe classes mistas”, afirmou o ministro do Ensino Superior do Talibã, Abdul Baqi Haqqani, em uma assembleia com membros do alto escalão do grupo.
Segundo Haqqani, o Talibã exige “a criação de um programa educacional razoável que seja consistente com nossos valores islâmicos, nacionais e históricos e que, por outro lado, seja capaz de competir com outros países”. Meninos e meninas também devem ser segregados nas escolas primárias e secundárias. A permissão, ainda que sob influência da sharia, está dentro do discurso de moderação que o grupo tenta emplacar. A mudança de atitude, porém, é vista com ceticismo. De acordo com uma estudante que trabalhou na cidade universitária durante o último governo, não havia mulheres na reunião —o ministro falou apenas com professores e alunos do sexo masculino, o que, para ela, mostra como as mulheres são sistematicamente afastadas das decisões, além da distância entre as palavras do Talibã e suas ações. |
O número de universitários aumentou nos últimos 20 anos, principalmente entre mulheres que estudam com homens e participam de seminários ministrados por professores do sexo masculino.
Folha de S. Paulo; 29/08
https://bit.ly/3Bv1UP9