25/06/2021

Por Marimelia Porcionatto, professora da Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e presidente da Sociedade Brasileira de Biologia Celular (SBBC): Na CPI da Covid, no Senado, temos visto uma placa que indica o número de “pessoas salvas”. A intenção óbvia é contrapor às placas que mostram o número de vítimas da doença.

No Brasil, o total de pessoas que testaram positivo para a Covid-19 chega a 18,2 milhões, e o número de mortes já passa dos 507 mil. O resultado mostrado na placa das “pessoas salvas” é a subtração do número de mortos do número total de infectados. Parece simples, mas essa aritmética não considera o cômputo de pacientes que se recuperaram da infecção e enfrentam sequelas —ou, ainda, uma forma persistente da doença: a síndrome pós-Covid.

Nos últimos anos, os cortes no financiamento à ciência e à educação têm afastado jovens pesquisadores das atividades científicas —muitos têm deixado o país para se fixarem em institutos e universidades do exterior. Inúmeras manifestações e alertas já foram feitas a respeito desses problemas, com quase nenhuma ressonância nos ouvidos de quem tem o poder de decisão.

É indispensável o financiamento à pesquisa e à formação de recursos humanos com aporte para institutos públicos científicos e de pesquisa, incentivos a investimentos privados e desbloqueio dos recursos do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

As sequelas da Covid vão além dos sintomas físicos. Enfrentaremos sequelas na educação e na economia, e a participação da comunidade científica na proposição de soluções para os problemas é, como sempre, fundamental e imprescindível”.

Folha de S. Paulo; 25/06
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