26/07/2021
Os primeiros Jogos Olímpicos da modernidade, na Atenas de 1896, eram testosterona pura. Atribui-se a seu idealizador, o barão francês Pierre de Coubertin, a sentença furada: “Uma Olimpíada com mulheres seria impraticável, desinteressante, sem estética e imprópria”.

Na primeira edição em que puderam participar, em 1900, as mulheres eram 2% dos competidores e mesmo assim só podiam disputar poucos e “gentis” esportes, como tênis e golfe. Cento e vinte e um anos depois, elas ficam próximas da igualdade e são 48,8% dos aspirantes a medalhista. Conheça aqui esportistas que, independentemente de conseguir subir ao pódio, já entram vitoriosas em Tóquio.

Rayssa Leal, Leticia Bufoni e Pâmela Rosa (Brasil) – Rayssa tinha sete anos de idade quando foi filmada fazendo manobras de skate com uma fantasia de fada costurada pela avó, um vestido azul com asinhas. Aos 13, a maranhense é uma das mais jovens competidoras dos Jogos e uma das esperanças de pódio do Brasil.

Entre as maiores concorrentes estão as paulistas Pâmela Rosa, 22, campeã mundial de skate na categoria street em 2019, e Leticia Bufoni, 28, recordista de medalhas no X Games, as Olimpíadas dos esportes radicais. Na sexta (23), Leticia publicou uma carta ao pai no site The Players’ Tribune, em que revive o dia em que ele quebrou seu skate após chegar do trabalho e ver sua caçula se equilibrando no portão.

“Pouco importa, pai, se vão chamar sua filha mais nova de maloqueira, de Maria-Homem”, escreve. “Você vai ter de deixar eu fazer umas manobras mais ousadas, como aquela de quando eu tinha nove anos: montar um skate novo no dia seguinte a você ter partido o meu anterior ao meio.”

Leticia diz que ainda hoje “é natural que o skate masculino tenha muito mais apoio que o feminino”. Avisa que não vai parar até superar esse obstáculo.

Folha de S. Paulo; 25/07
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