Vamos nos manter em campanha pelo respeito à vida. Continuamos exigindo que os educadores sejam ouvidos em qualquer procedimento de retorno às atividades pedagógicas presenciais. E iremos à Justiça, se necessário, para brecar qualquer insanidade que entregue nossa comunidade escolar à sanha da praga.
O governo de São Paulo se rende às evidências sobre a expansão do coronavírus em São Paulo ao adiar o retorno geral às aulas no Estado para 7 de outubro. O mapa do Estado mostra que apesar de algum progresso ainda não estamos seguros. Estamos em patamar de nível elevado, que não permite relaxar a defesa da vida em nossas comunidades.
O distanciamento social ainda é a forma mais indicada pelos epidemiologistas para evitar a propagação do vírus. Manter alunos e educadores em casa ainda é a melhor forma de prevenção.
Mas, infelizmente, erra o governador ao ceder à pressão mercantil das escolas e, em uma decisão política e não baseada em critérios sólidos de saúde, abre uma fresta para que a educação privada desrespeite o combate à praga em muitas cidades de São Paulo. Pior, decreta um passa-moleque ao transferir para prefeituras a decisão sobre a reabertura das escolas em atividades opcionais em regiões de grande concentração populacional.
Mesmo com consultas à comunidade, permitir atividades pedagógicas em algumas regiões e manter escolas fechadas em outras coloca escolares em descompasso injusto, e traz insegurança às famílias e aos educadores. E, ainda, escancara as portas a disputas judiciais pela volta às aulas a força.
Pesquisas oficiais – conduzidas pela própria Prefeitura de São Paulo! – mostram que a grande maioria dos pais, 80% deles, não se sentem seguros com a volta às aulas agora. Epidemiologistas gabaritados afirmam que, mesmo assintomáticas, crianças podem transportar o vírus para suas casas e contagiar seus parentes e vizinhos mais velhos.
Nenhum professor, nenhum profissional da educação foi ouvido com seriedade até agora sobre a forma e a época em que será seguro levar os alunos de volta às classes. A Federação dos Professores do Estado de São Paulo, em nome de seus 25 sindicatos integrantes, ingressou junto ao Ministério Público do Trabalho para convocar os representantes das escolas e obriga-los a levar em conta as posições dos educadores e de profissionais multidisciplinares da área da saúde na definição da época de volta e em que condições ela deverá ocorrer.
Vamos nos manter em campanha pelo respeito à vida. Continuamos exigindo que os educadores sejam ouvidos em qualquer procedimento de retorno às atividades pedagógicas presenciais. E iremos à Justiça, se necessário, para brecar qualquer insanidade que entregue nossa comunidade escolar à sanha da praga.